Importância da gestão financeira em tempos de crise
Gestão financeira deve ser uma parte essencial da rotina das empresas, ainda mais agora com a pandemia do novo coronavírus. Principalmente durante esse período, as preocupações mais recorrentes dentre os empresários são a possibilidade de ficar com dívidas ou se enrolar com as condições de pagamento dos empréstimos feitos.
De acordo com uma pesquisa feita pela consultoria Falconi com 408 empresas, de micro a grande porte, 79% já tiveram redução de faturamento devido à pandemia. Da mesma forma, 25% não obtiveram lucro algum desde a quarentena, como companhias dos setores de turismo, entretenimento e vestuário, e outras 25% tiveram queda superior a 50% na receita, como consultorias e atividades de transporte.
Com a finalidade de entender mais sobre o momento e qual a postura que o empresário deve assumir diante dos desafios da crise, conversamos com o Coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, Ricardo Teixeira.
Saiba mais!
Qual deve ser a postura financeira dos empresários?
Para Teixeira, é essencial que os olhares dos donos de negócios estejam sempre no fluxo do caixa. Ou seja, é preciso avaliar as reais necessidades da empresa como um todo e planejar os próximos passos ao longo dos meses.
“O planejamento financeiro é importantíssimo para as empresas, não importa seu tamanho. É ele que garante a antecipação de adversidades”, enfatiza o coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV.
Além disso, ele ainda aponta a necessidade de uma reserva de caixa para eventuais emergências. Com a gestão financeira, é possível fazer uma previsão do que pode acontecer nos próximos meses e adotar as estratégias necessárias para fazer com que as vendas continuem e o faturamento aumente ou se mantenha.
Montar uma estratégia de crise, como se fosse um plano de negócios, será a chave para este momento.
Como a gestão financeira pode ajudar o faturamento durante a quarentena?
O fechamento crescente de estabelecimentos e empresas devido a uma queda do consumo pressupõe que houve uma diminuição do faturamento durante um período. Nesse sentido, a gestão financeira ajuda o empresário a entender melhor o panorama real do seu negócio e como adaptar os serviços para sobreviverem às crises.
“A maioria das pessoas quer saber como é que vai ganhar dinheiro, mas esse não é o foco, e sim o que é possível fazer dentro do cenário atual. Por isso, é importante trabalhar com a realidade. É preciso usar bem as ferramentas do mercado, procurar as oportunidades e se reinventar”, diz Teixeira.
Uma boa prática é a adoção de um e-commerce e investir em um atendimento ao consumidor de qualidade. Também há um aumento da demanda por delivery dos mais variados produtos. Por isso, ter uma internet rápida para atender a todos os pedidos e solicitações é crucial.

Quais medidas estão sendo tomadas para auxiliar os empresários nesse momento de crise?
Os bancos, por exemplo, dão acesso a linhas de financiamento ou descontos para vendas feitas. Mas durante esse período, até mesmo eles estão com certa ociosidade financeira.
“Procure o seu banco para saber o que pode ser feito, com cautela, claro. Não tenha vergonha de propor, porque os próprios bancos estão precisando de você. Converse, negocie com o seu gerente”, aconselha o coordenador de MBA.
Já o governo, cortou o recolhimento de impostos do Simples Nacional e adotou a postergação do vencimento de alguns impostos como fundo de garantia ou a parte federal do DAS. Diferentemente dos bancos, com o governo o canal de diálogo já não é tão direto assim.
“A questão é que essas contas não deixam de existir, então precisamos ter um planejamento para que na hora de pagar as empresas não tenham uma surpresa infeliz”.
Mas, para o especialista, a resposta do governo está atenta às necessidades, tanto no Legislativo quanto no Executivo. Um exemplo é o auxílio emergencial que atendeu, até meados de abril, mais de 84,5 milhões de brasileiros, levando em conta os CPFs elegíveis e os membros dessas famílias, segundo a Dataprev.
Como fica a questão da reabertura do comércio?
A preocupação não é apenas econômica, mas também como fazer a abertura sem aumentar o contágio. “Vai levar um tempo para que a economia e o consumo voltem a crescer. As pessoas serão mais cautelosas porque muita gente teve uma queda no orçamento. Mas precisamos, aos poucos, voltar a conviver com essa situação e ir administrando as medidas preventivas”.
Por isso, pode ser que o home office ou a adoção de um esquema de rodízio entre o quadro de funcionários sejam mantidos por mais tempo. Cada empreendedor precisa entender o seu modelo de negócio e o que pode ou não funcionar dentro de suas possibilidades.
Quais os próximos passos?
O futuro é incerto. Mas o especialista enfatiza: “Procurar aumentar o faturamento e formas alternativas de lucrar são algumas das dicas para este momento. Tudo isso em consonância com a reabertura do mercado e com o que é possível de se fazer”.
Além disso, para esse momento de sobrevivência, Teixeira relembra que o foco deve ser na melhoria do fluxo de caixa dentro das possibilidades. “Existe uma grande lição para ser tirada nesse período: por mais que você queira crescer, existe a possibilidade de uma adversidade como essa surgir, e você precisa ter um fluxo que garanta a continuidade do faturamento”.
Alguns meses serão necessários para que a economia volte ao normal, e eles serão de aperto muito grande ou prejuízo. Por isso, mais uma vez é importante lembrar que a gestão financeira é de suma importância para as empresas e para um melhor entendimento das oportunidades de mercado.
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